quarta-feira, 25 de abril de 2012

"Espaço do acadêmico." Mas só se prestar...

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ivro: Oração aos Moços Editora Hedra Ltda.: São Paulo - 2011 Autor: Rui Barbosa A turma de direito de 1920 da Faculdade Largo de São Francisco, em São Paulo, faz o convite ao advogado e jurista Rui Barbosa, para ser paraninfo na solenidade de colação de grau dos formandos. Por Não poder comparecer devido a problemas de saúde resolve escrever uma carta sobre o dever e as responsabilidades do exercício da advocacia e da magistratura aos alunos do curso de Direito. Rui Babosa inicia de modo a manifestar sua esperança e anseios naqueles moços, de continuar a sua obra, resultado de um ardo trabalho que de sua parte chegava ao fim. É possível perceber nas suas palavras um tom de despedida, quando ele se emociona na sua justificativa de não poder comparecer no evento, passando a responsabilidade para Deus, e considerando o ofício de advogado como um sacerdócio. “Não quis Deus que os meus cinquenta anos de consagração ao direito viessem receber no templo do seu ensino em São Paulo o selo de uma grande bênção, associando-se hoje com a vossa admissão ao nosso sacerdócio, na solenidade imponente dos votos em que o ides esposar.” Nessa carta é possível perceber o carinho e o afeto, que Rui Barbosa tinha pelos menos favorecidos, almejava ele uma vida digna para os brasileiros, talvez tenha aprendido sobre miséria durante a sua adolescência em Salvador. Porém, mesmo insatisfeito com os problemas sociais, tratou de externar a sua felicidade e honra pelo convite e reconhecimento. O autor utiliza termos religiosos para demonstrar seu descontentamento com o governo da época, “Preguei, demonstrei, honrei a verdade eleitoral, a verdade constitucional, a verdade republicana... As três verdades não podia alcançar melhor sentença no tribunal da corrupção política do que o Deus vivo no Pilatos”. Aqui ele procura expressar o bem e o mal, e para isso usa a pessoa de Jesus Cristo, não esquecendo em todo o momento de reverenciar o filho de Deus, amoroso e misericordioso, muito embora permitisse se irar em estado humano. Tudo isso para que pudesse demonstrar a sua angustia e lamento pelo sofrimento dos pobres e oprimidos, deixado ao acaso pelos seus governantes que fingiam de cegos para não enxergar a lamentável condição social da época. Mesmo assim, Rui Barbosa não se esqueceu do assunto em questão, a “benção do paraninfo”. A carta expressa o desabafo do escritor, que tenta transmitir aos formandos os seus conhecimentos adquiridos ao longo de sua vida, e o dever e a honra de se dedicar a nossa pátria. Responsabilidade que ele também tinha desempenhado. Rui Barbosa fez nessa carta uma reflexão da sua vida como advogado, jornalista, político e como representante do Brasil na Conferência de Haia, na Holanda. Também, responde a Carta de Evaristo de Morais, sobre o dever do advogado, cuja resposta que emitiu se equipara a um tratado de ética profissional. O discurso do orador Rui Barbosa, impedido pelos médicos de comparecer à cerimônia nas Arcadas, foi lido pelo professor Reinaldo Porchat, diante de grande comoção e aplausos pelos estudantes. Essa foi a consagração de Oração aos Moços, obra literária de grande valia para a sociedade brasileira. Recomendo a todos os estudiosos do direito a apreciação dessa obra prima. É imprescindível ao acadêmico a leitura deste livro que visa complementar a formação dos que fazem da ciência jurídica seu meio e estilo de vida. Rui Barbosa de Oliveira nasceu na cidade de Salvador, no Estado da Bahia, em 5 de novembro de 1849, e veio a falecer em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1º de março de 1923. Foi escritor, jornalista, jurista, diplomata e político brasileiro, um dos mais destacados e influentes estadistas que o Brasil já teve, participando também, como membro e fundador da Academia Brasileira de Letras. Em 1907 liderou a delegação brasileira na Conferência de Paz, em Haia, na Holanda. Sua obra, rica e extensa, abrange vários campos do saber, e inclui os Comentários à Constituição Federal Brasileira, O Elogio de Castro Alves (1881), Visita à Terra Natal (1893), Discursos e Conferências (1907) e a célebre Oração aos Moços (1920). Fabrício Marinho da Costa, acadêmico do curso de direito da Faculdade Pitágoras de Ipatinga. Agradeço-vos pela oportunidade de poder ler esse livro, aprimorando os meus conhecimentos em geral e sobre a história do Brasil. Deixo a todos os meus préstimos e a célebre frase de Rui Barbosa, “A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é o maior elemento da estabilidade”.

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